"Nós queremos prender [os suspeitos de crimes], a ordem nossa não é tirar a vida de ninguém [...] Nós vamos cuidar da polícia, vamos cuidar da segurança pública em seu conceito mais amplo que é o de direitos humanos", afirmou em entrevista à imprensa o governador.
Governador Jerônimo Rodrigues (de terno) entrega novas viaturas à Polícia Militar em Salvador -
Jerônimo Rodrigues ainda classificou a si mesmo como um "governador dos direitos humanos" e citou a sua ascendência negra e indígena para afirmar não deixará de fiscalizar possíveis abusos da polícia.
"A gente não abre mão do lugar da gente. Eu, enquanto um governador dos direitos humanos, um governador negro, índio, eu não posso abrir mão do lugar de fiscal. Não é só na condição de governador, é na condição que eu trouxe e trago na minha história", declarou.
Jerônimo disse que conversou com o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, sobre os episódios de violência policial na Bahia.
Afirmou que não tem problemas em receber críticas quando estas "acontecem de forma construtiva" e disse reconhecer o papel dos ministros em cobrar o governo da Bahia em casos de violência policial.
A Bahia é estado com maior número absoluto de mortes violentas do Brasil desde 2019. No ano passado, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o estado teve uma queda de 5,9% no nas ocorrências, saindo de 7.069 casos em 2021 contra 6.659 no ano passado.
No mesmo evento em Salvador, o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, prometeu implantar câmeras corporais no fardamento dos policiais até o final deste ano.
O governo está com licitação em andamento para a compra dos equipamentos. A empresa vencedora do certame foi desclassificada após irregularidades nos documentos obrigatórios. A segunda colocada no pregão foi convocada e terá a sua documentação avaliada.
Em 27 de julho, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou a doação de câmeras para uniformes de policiais na Bahia.
A Bahia vive uma escalada de casos de violência policial nas últimas semanas. Foram registrados em julho 64 mortes em ações policiais, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado. O número é recorde desde julho de 2022, quando a entidade começou a monitorar a violência na Bahia.
Em ao menos quatro episódios, foram registradas pelo menos cinco mortes em cada ação policial. Em todos os casos, a Polícia Militar afirmou que houve confrontos com bandidos e que reagiu ao ser recebida com tiros ao entrar em comunidades para apurar denúncias de tráfico de drogas.
Os casos estão sendo investigados pela Polícia Civil. O Ministério Público do Estado da Bahia abriu investigações para apurar as causas e circunstâncias das mortes.
Fonte/Créditos: João Pedro Pitombo/ Folha de SP
Créditos (Imagem de capa): Mãe de Gabriel Silva da Conceição Júnior, 10 anos, morto após atingido por um tiro em meio a uma operação policial, protesta em rodovia em Lauro de Freitas (BA) Paula Fróes/Correio da Bahia
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