Com uma ocupação excedente de 36% da capacidade, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Nova Esperança, em Parnamirim, segue vivenciando um cenário de superlotação mesmo após percorrida uma semana da última denúncia publicada pela direção do espaço. Com pacientes ocupando os corredores, por conta do cenário de espera pela regulaçãopara a transferência aos hospitais da rede estadual, Henrique Costa, diretor da UPA, avalia a situação com preocupação para a saúde dos pacientes. Dos 22 leitos de capacidade, até a tarde desta segunda-feira (30) a unidade conta com 34 internados.
De acordo com a Política Nacional de Atenção às Urgências do Ministério da Saúde, a UPA tem a função de prestar um atendimento resolutivo, qualificando os pacientes com condições clínicas graves e não graves, a partir da estabilização com a avaliação diagnóstica inicial para determinação da conduta adequada em 24 horas. No entanto, apesar do conceito, essa não é realidade que está sendo praticada em Nova Esperança. Em média, cada paciente está ocupando o leito por 12 dias, mesmo após a estabilização.
“Nossa demanda está toda restringida pelo não recebimento [dos pacientes] nos hospitais regionais. Todos, sem exceção, estão inseridos no sistema regulatório estadual, que é o Regula RN, e a gente fica aguardando esse surgimento de vagas para fazer a transferência”, explica Henrique Costa. Questionado se já recebeu algum posicionamento da Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap), o diretor relata que Governo alega também estar com os ambientes superlotados.
Na divisão dos leitos, a UPA de Nova Esperança conta com quatro vagas na ala vermelha, oito na amarela, dois de isolamentos, quatro de pediatria e mais quatro de observação. Todos esses espaços estão utilizados e, diante desse cenário, foi necessário ocupar os corredores para que seja possível manter um atendimento à população, sendo idosos o maior grupo contemplado. Todos os pacientes são identificados por placas ao lado, com nome, data de nascimento e data de entrada no sistema de regulação.
Entre os que aguardam a transferência para um hospital está uma paciente oncológica de 78 anos, que desde o dia 5 de setembro foi admitida pela UPA de Nova Esperança. Por necessitar de um atendimento especial com o uso de oxigênio, ela perdeu uma das chances que teria na regulação por falta de uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) disponível e capacitada para a transferência.
Com o maior período de espera, está um idoso em situação de rua que há 48 dias está na UPA e até a tarde desta segunda-feira (30) ainda não foi transferido. Outra preocupação recorrente do diretor Henrique Costa é um paciente psiquiátrico que está em situação de contenção por apresentar um grande risco tanto para a equipe médica, quanto para os demais pacientes. A unidade atende, em média, 350 a 400 pacientes por dia.
Apesar dos números se manterem acima da capacidade, na comparação com o dia 23 de setembro, o número de internados saiu de 41 para 34. “A gente mudou o fluxo do SAMU para Pirangi do Norte e com isso já deu uma amenizada, porém, a partir de hoje o fluxo já foi retomado para cá e já começou a encher novamente”, explica.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE encaminhou questionamentos à Sesap acerca dos longos períodos de espera dos pacientes da UPA pelas transferências. Em nota, a Secretaria esclareceu que a indicação de pacientes ocorre a partir de critérios técnicos e clínicos. “No caso da unidade de saúde citada, [foram] encaminhados diversos pacientes para outras unidades a partir dos que estão inseridos no sistema de regulação, dos quais 75,8% possuem indicação para leitos de enfermaria”, afirma.
Ainda na nota, a Sesap destaca que “o município de Parnamirim conta com 252.716 habitantes, sendo o 3º mais populoso do estado, e apenas 11 leitos clínicos próprios disponíveis para atender seus munícipes”.
Fonte/Créditos: Redação Tribuna do Norte
Créditos (Imagem de capa): Segundo a direção da unidade, superlotação é causada pela falta de vagas nos hospitais regionais do Estado. Sesap diz que município tem apenas 11 leitos clínicos | Foto: Anderson Régis
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